Com tantas inverdades que tem surgido nos últimos dias em
vista das manifestações públicas, resolvi explicar um pouco o modo como o
engano ou ilusão é provocado.
O primeiro passo é definir o que é FALÁCIA, em seguida virá
a relação dos tipos de falácias.
Uma falácia é uma espécie de mentira,
engano, ilusão, sofisma.
Argumento capcioso que induz a erro.
É um argumento logicamente inconsistente,
inválido, ou que falhe de outro modo no suporte eficaz do que pretende
provar.
Argumentos que se destinam à persuasão
podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem
falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso.
Reconhecer as falácias é
por vezes difícil.
TIPOS E EXEMPLOS DE FALÁCIAS
Argumentum ad antiquitatem (Argumento de antiguidade ou tradição):
Basicamente consiste em afirmar que algo é verdadeiro ou bom só porque é antigo ou “sempre foi assim”.
Basicamente consiste em afirmar que algo é verdadeiro ou bom só porque é antigo ou “sempre foi assim”.
Argumentum ad hominem (Ataque ao argumentador):
Em vez de o argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca
a pessoa que fez o enunciado.
Ex: "A afirmação de Joãozinho é falsa, pois ele é um sujeito
mal-educado".
Argumentum ad ignorantiam (Argumento da Ignorância):
Ocorre quando algo é considerado verdadeiro simplesmente porque não
foi provado que é falso (ou provar que algo é falso por não haver provas de que
seja verdade). Note que é diferente do princípio científico de se considerar
falso até que seja provado que é verdadeiro.
Ex: "Joãozinho diz a verdade, pois ninguém pode provar o
contrário."
"É certeza que Deus exista, até que se prove o
contrário."
Non sequitu (Não
segue):
Tipo de falácia na qual a conclusão não segue das premissas.
Ex: "É bom acabar com a pobreza neste país; É bom eliminar a corrupção neste país; Portanto, vamos votar no Joãozinho para presidente!"
Ex: "É bom acabar com a pobreza neste país; É bom eliminar a corrupção neste país; Portanto, vamos votar no Joãozinho para presidente!"
Argumentum ad Baculum (Apelo à Força):
Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para
impor a conclusão.
Ex: "Acredite em Deus, senão irá pro Inferno."
Argumentum ad Populum (Apelo ao Povo):
É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade
de pessoas.
Ex: "Deus existe porque grande parte da população mundial acredita nele."
Ex: "Deus existe porque grande parte da população mundial acredita nele."
Argumentum ad Numerum (Apelo ao número):
Semelhante ao "ad populum". Afirma que quanto mais
pessoas acreditam em uma proposição, mais provável é a proposição de ser
verdadeira.
Ex: "Deus existe, pois 85% das pessoas acreditam que sim. Não podem estar todos enganados."
Ex: "Deus existe, pois 85% das pessoas acreditam que sim. Não podem estar todos enganados."
Argumentum ad Verecundiam (Apelo à autoridade):
Argumentação baseada no apelo a alguma autoridade reconhecida para
comprovar a premissa.
Ex: "Se Aristóteles disse isto, é verdade" ou "Se a
Bíblia diz isto, isto necessariamente é a verdade".
Dicto Simpliciter (Regra geral):
Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde
a regra não deveria ser aplicada.
Ex: "A palavra 'Cafú' não tem acento porque é oxítona
terminada em u" (nesse caso o nome é próprio e a regra geral não se
aplica).
Generalização Apressada (Falsa indução):
É o oposto do Dicto Simpliciter. Ocorre quando uma regra específica
é atribuída ao caso genérico.
Ex: "Todo Joãozinho é feliz."
Falácia de Composição (Tomar o todo pela parte):
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser
aplicada ao todo.
Ex: "Este caminhão é composto apenas por componentes leves,
logo ele é leve também."
Falácia da Divisão (Tomar a parte pelo todo):
Oposto da falácia de composição. Assume que uma propriedade do todo
é aplicada a cada parte.
Ex: "Você deve ser rico, pois estuda em um colégio de
ricos." ou "Formigas destroem árvores. Logo, esta formiga pode
destruir uma árvore."
Falácia do homem de palha:
Consiste em atribuir falsas idéias ao oponente ou tentar manipular
a opinião do ouvinte defendendo um ponto de vista reprovável ou fraco.
Ex: "Deveríamos abolir todas as armas do mundo. Só assim haveria paz verdadeira."
Ex: "Deveríamos abolir todas as armas do mundo. Só assim haveria paz verdadeira."
Cum hoc ergo propter hoc: (falsa causa)
Afirma que apenas porque dois eventos ocorreram juntos eles estão
relacionados.
Ex: "O Guarani vai ganhar o jogo de hoje porque hoje é quinta-feira e até agora ele ganhou em todas as quintas-feiras em que jogou."
Ex: "O Guarani vai ganhar o jogo de hoje porque hoje é quinta-feira e até agora ele ganhou em todas as quintas-feiras em que jogou."
Post hoc ergo propter hoc:
Consiste em dizer que, pelo simples fato de um evento ter ocorrido
logo após o outro, eles têm uma relação de causa e efeito.
Ex: "O Japão rendeu-se logo após a utilização das bombas
atômicas por parte dos EUA. Portanto, a paz foi alcançada devido à utilização
das armas nucleares."
Petitio Principii:
Ocorre quando as premissas são tão questionáveis quanto a conclusão
alcançada.
Ex: "Sócrates tentou corromper a juventude da Grécia, a maioria (que votou pela sua condenação) sempre tem razão, logo foi justo condená-lo à morte."
Ex: "Sócrates tentou corromper a juventude da Grécia, a maioria (que votou pela sua condenação) sempre tem razão, logo foi justo condená-lo à morte."
Circulus in Demonstrando:
Ocorre quando alguém assume como premissa a conclusão a que se quer
chegar.
Ex: "Sabemos que Joãozinho diz a verdade, pois muitas pessoas dizem isso. E sabemos que Joãozinho diz a verdade, pois nós o conhecemos."
Ex: "Sabemos que Joãozinho diz a verdade, pois muitas pessoas dizem isso. E sabemos que Joãozinho diz a verdade, pois nós o conhecemos."
Falácia da Pressuposição:
Questiona um fato assumindo um pressuposto verdadeiro.
Ex: "Quando você vai parar de bater na sua esposa?" ou "Onde você escondeu o dinheiro roubado?"
Ex: "Quando você vai parar de bater na sua esposa?" ou "Onde você escondeu o dinheiro roubado?"
Ignoratio Elenchi (Conclusão sofismática):
Ou "Falácia da Conclusão Irrelevante". Consiste em
utilizar argumentos válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação
alguma com os argumentos utilizados.
Ex: "Os astronautas do Projeto Apollo eram bem preparados, todos eram excelentes aviadores e tinham boa formação acadêmica e intelectual, além de apresentar boas condições físicas. Logo, foi um processo natural os EUA ganharem a corrida espacial contra a União Soviética pois o povo americano é superior ao povo russo."
Ex: "Os astronautas do Projeto Apollo eram bem preparados, todos eram excelentes aviadores e tinham boa formação acadêmica e intelectual, além de apresentar boas condições físicas. Logo, foi um processo natural os EUA ganharem a corrida espacial contra a União Soviética pois o povo americano é superior ao povo russo."
Anfibologia:
Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração gramatical.
Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração gramatical.
Acentuação:
É uma forma de falácia devido à mudança de significado pela entonação. O significado é mudado dependendo da ênfase das
palavras.
Ex: compare: "Não devemos falar MAL dos nossos amigos." com: "Não devemos falar mal dos nossos AMIGOS".
Ex: compare: "Não devemos falar MAL dos nossos amigos." com: "Não devemos falar mal dos nossos AMIGOS".
Falácias tipo "A" baseado em "B" (Outro tipo de Conclusão Sofismática):
Ocorrem dois fatos. São colocados como similares por serem derivados ou similares a um terceiro fato.
Ocorrem dois fatos. São colocados como similares por serem derivados ou similares a um terceiro fato.
Ex: "O Islamismo é baseado na fé.", "O Cristianismo
é baseado na fé." "Logo o islamismo é similar ao cristianismo."
Falácia da afirmação do consequente:
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento
condicional que não está nem no Modus
ponens (afirmação do
antecedente) nem no Modus
Tollens (negação do
consequente). A sua forma categórica é: Se A então B.
B Então A.
Ex: "Se há carros então há poluição. Há poluição. Logo, há
carros."
Falácia da negação do antecedente:
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento
condicional que não está nem no Modus
ponens (afirmação do
antecedente) nem no Modus
Tollens (negação do
consequente). A sua forma categórica é: Se A então B. Não A. Então não B.
Ex: "Se há carros então há poluição. Não há carros. Logo, não
há poluição."
Bifurcação (Falsa
dicotomia):
Também conhecida como "falácia do branco e preto". Ocorre
quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de
fato outras alternativas existem ou podem existir.
Ex: "Se você não está a favor de mim então está contra
mim."
Argumentum ad Crumenam:
Esta falácia é a de acreditar que dinheiro é fator de estar
correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Ex: "Se o Barão diz isso é porque é verdade."
Argumentum ad Lazarum:
Oposto ao "ad Crumenam". Esta é a falácia de assumir que
apenas porque alguém é mais pobre, então é mais virtuoso e verdadeiro.
Ex: "A voz dos pobres é a voz da verdade."
Argumentum ad Nauseam:
É a aplicação da repetição constante e a crença incorreta de que
quanto mais se diz algo, mais correto está.
Ex: "Se fulano diz tanto que sua bicicleta é azul, então ela
é."
Plurium Interrogationum:
Ocorre quando se exige uma resposta simples a uma questão complexa.
Ex: "Que força devemos empregar aqui? Forte ou fraco?"
Ex: "Que força devemos empregar aqui? Forte ou fraco?"
Red Herring:
Falácia cometida quando material irrelevante é introduzido no
assunto discutido para desviar a atenção e chegar a uma conclusão diferente.
Ex: "Será que o palhaço Joãozinho é o assassino? No ano passado um palhaço matou uma criança."
Ex: "Será que o palhaço Joãozinho é o assassino? No ano passado um palhaço matou uma criança."
Retificação:
Ocorre quando um conceito abstrato é tratado como coisa concreta.
Ex: "A tristeza de Joãozinho é a culpada por tudo."
Ocorre quando um conceito abstrato é tratado como coisa concreta.
Ex: "A tristeza de Joãozinho é a culpada por tudo."
Tu Quoque (Você Também):
Falácia do "mas você também". Ocorre quando uma ação se
torna aceitável, pois outra pessoa também a cometeu.
Ex: "Você está sendo abusivo." "E daí? Você também
está."
Inversão do Ônus da Prova:
Quando o argumentador transfere ao seu opositor a responsabilidade
de comprovar o argumento contrário, eximindo-se de provar a base do seu
argumento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário