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terça-feira, 26 de abril de 2016

AS CRIANÇAS E OS NÚMEROS


ORIENTAÇÕES NO RELACIONAMENTO COM PESSOAS CEGAS

ORIENTAÇÕES NO RELACIONAMENTO COM PESSOAS CEGAS

01 - Não trate as pessoas cegas como seres diferentes somente porque não podem ver. Saiba que elas estão sempre interessadas no que você gosta de ver, de ler, de ouvir e falar.
02 - Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você conheça, estendendo-os a outros cegos. Não se esqueça de que a natureza dotou a todos os seres de diferenças individuais mais ou menos acentuadas e de que os preconceitos se originam na generalização de qualidades, positivas ou
negativas, consideradas particularmente
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03 - Procure não limitar a pessoa cega mais do que a própria cegueira o faz, impedindo-a de realizar o que sabe, pode e deve fazer sozinha.
04 - Não se dirija a uma pessoa cega chamando-a de “cego” ou “ceguinho”; é falta elementar de educação, podendo mesmo constituir ofensa, chamar alguém pela palavra designativa de sua deficiência sensorial, física, moral ou intelectual.
05 - Não fale com a pessoa cega como se fosse surda; o fato de não ver não significa que não ouça bem.
06 - Não se refira à cegueira como desgraça. Ela pode ser assim encarada logo após a perda da visão, mas, a orientação adequada consegue reduzi-la a deficiência superável, como acontece em muitos casos.
07 - Não diga que tem pena de pessoa cega, nem lhe mostre exagerada solidariedade. O que ela quer é ser tratada com igualdade.
08 - Não exclame “maravilhoso”... “extraordinário”...ao ver a pessoa cega consultar o relógio, discar o telefone ou assinar o nome.
09 - Não fale de “sexto sentido” nem de “compensação da natureza” - isso perpetua conceitos errôneos. O que há na pessoa cega é simples desenvolvimento de recursos mentais latentes em todas as criaturas .
10 - Não modifique a linguagem para evitar a palavra ver e substituí-la por ouvir. Conversando sobre a cegueira com quem não vê, use a palavra cego sem rodeios.     .
11 - Não deixe de oferecer auxílio à pessoa cega que esteja querendo atravessar a rua ou tomar condução. Ainda que seu oferecimento seja recusado ou mesmo mal recebido por algumas delas, esteja certo de que a maioria lhe agradecerá o gesto.
12 - Não suponha que a pessoa cega possa localizar a porta onde deseja entrar ou o lugar aonde queira ir, contando os passos.
13 - Não tenha constrangimento em receber ajuda, admitir colaboração ou aceitar gentilezas por parte de alguma pessoa cega. Tenha sempre em mente que a solidariedade humana deve ser praticada por todos e que ninguém é tão incapaz que não tenha algo para dar.
14 - Não se dirija à pessoa cega através de seu guia ou companheiro, admitindo assim que ela não tenha condição de compreendê-lo e de expressar-se.
15- Não guie a pessoa cega empurrando-a ou puxando-a pelo braço. Basta deixá-la segurar seu braço, que o movimento de seu corpo lhe dará a orientação de que precisa. Nas passagens estreitas, tome a frente e deixe-a segui-lo, mesmo com a mão em seu ombro.
16 - Quando passear com a pessoa cega que já estiver acompanhada, não a pegue pelo outro braço, nem lhe fique dando avisos. Deixe-a ser orientada só por quem a estiver guiando.
17 - Não carregue a pessoa cega ao ajudá-la a atravessar a rua, tomar condução, subir ou descer escadas. Basta guiá-la, pôr-lhe a mão no corrimão.
18 - Não pegue a pessoa cega pelos braços rodando com ela para pô-la na posição de sentar-se, empurrando-a depois para a cadeira. Basta pôr-lhe a mão no espaldar ou no braço da cadeira, que isso lhe indicará sua posição.
19 - Não .guie a pessoa cega em diagonal ao atravessar em cruzamento. Isso pode fazê-la perder a orientação.
20 - Não diga apenas “à direita”, “à esquerda”, ao procurar orientar uma pessoa cega à distância. Muitos se enganam ao tomarem como referência a própria posição e não a da pessoa cega que caminha em sentido contrário ao seu.
21 - Não deixe portas e janelas entreabertas onde haja alguma pessoa cega Conserve-as sempre fechadas ou bem encostadas à parede, quando abertas. As portas e janelas meio abertas constituem obstáculos muito perigosos para ela.
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22 - Não deixe objetos no caminho por onde uma pessoa cega costuma passar.
23 - Não bata a porta do automóvel onde haja uma pessoa cega sem ter a certeza de que não lhe vai prender os dedos.
24 - Não deixe de se anunciar ao entrar no recinto onde haja pessoas cegas, isso auxilia-a sua identificação.
25 - Não saia de repente quando estiver conversando com uma pessoa cegaprincipalmente se houver algo que a impeça de perceber seu afastamento. Ela pode dirigir-lhe a palavra e ver-se na situação desagradável de falar sozinha.
26 - Não deixe de apertar a mão de uma pessoa cega ao encontrá-la ou ao despedir-se dela. O aperto de mão substitui para ela o sorriso amável.
27 - Não perca seu tempo nem o da pessoa cega perguntando-lhe: “Sabe quem sou eu?” “Veja se adivinha quem sou?”. Identifique-se ao chegar.
28 - Não deixe de apresentar o seu visitante cego a todas as pessoas presentes, assim procedendo, você facilitará a integração dele ao grupo.
29 - Ao conduzir uma pessoa cega a um ambiente que lhe é desconhecido, oriente-a de modo que possa locomover-se sozinha.
30 - Não se constranja em alertar a pessoa cega quanto a qualquer incorreção no seu vestuário.
31 - Informe a pessoa cega com relação à posição dos alimentos colocados em seu prato.
32 - Não encha a xícara ou o copo da pessoa cega até a beirada. Neste caso ela terá dificuldades em mantê-los equilibrados.
33 - O pedestre cego é muito mais observador que os outros. Ele desenvolve meios e modos de saber onde está e para onde vai, sem precisar estar contando os passos. Antes de sair de casa, ele faz o que toda gente deveria fazer: procura informar-se bem sobre o caminho a seguir para chegar ao seu destino. Na primeira caminhada poderá errar um pouco, mas depois raramente se enganaráSaliências, depressões, ruídos e odores característicos, ele observa para sua maior orientação.
34- Não rearrume com frequência o ambiente onde trabalhe uma pessoa cega ..
35- Não deixe de punir uma pessoa cega quando cometer qualquer erro.
36- Não faça horário de trabalho especial apenas para a pessoa cega.

  
Robert Atkinson (Diretor do Braille Institute of America, California)
- Adaptação feita pela equipe técnica da Divisão de Documentação e Informação do Departamento Técnico-Especializado e da Divisão de Reabilitação do Departamento de Atendimento Médico, Nutricional e de Reabilitação do Instituto Benjamin Constant, contanto com a participação da Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais - ABEDEV.


terça-feira, 8 de março de 2016

A PRESENÇA DA MULHER NA EDUCAÇÃO

Não é por acaso que a mulher ocupa uma posição de predominância na educação, especialmente no ensino fundamental e médio. O papel da mulher na educação não pode ser desvinculado nem do processo histórico, nem do movimento de luta pelos direitos da mulher. A luta das feministas, como referencial histórico que evidencia a presença marcante da mulher no magistério, ocasionou mudanças significativas no padrão comportamental da sociedade brasileira.
Numa visão histórica, o movimento feminista brasileiro se apresentou como um reflexo do que acontecia nas sociedades mais industrializadas da Europa e dos Estados Unidos, mas ao mesmo tempo, apresenta componentes só nossos, entendidos num contexto de nossa formação histórica e de nossa situação de dependência em relação aos centros hegemônicos a que estivemos atrelados desde o início da colonização.
A escravidão, a tardia emancipação do centro de dominação, o modelo fundiário imposto pelo colonizador português e a influência da Igreja Católica como força política e instrumento de controle social são elementos que permitem entender as peculiaridades do feminismo em nosso país.  Esses elementos são os fatores mais diretamente responsáveis pelo patriarcalismo, pelo paternalismo, pelo conservadorismo e pelo machismo brasileiro.
     O Marxismo estabeleceu como postulado que a transformação nas relações de produção (nível econômico) é a condição essencial para que ocorram mudanças significativas na superestrutura (nível ideológico) de qualquer sociedade.
     Nesse contexto, com a presença da mulher no mercado de trabalho, se insere a criação do Dia Internacional da Mulher, originado do seguinte fato: em 8 de março de 1857, as mulheres de uma indústria têxtil de Nova York ocuparam a fábrica, reivindicando redução da jornada de trabalho de 14 para 10 horas e os patrões, fechando os portões, atearam fogo ao prédio o que teve como consequência, a morte de 129 mulheres queimadas vivas.  Em 1975, a ONU incluiu o dia 8 de março em seu calendário oficial de comemorações como O Dia Internacional da Mulher.
     As lutas de cunho feminista brasileira surgiram na segunda década do século XX e se expressa, num primeiro momento, na reivindicação pelo direito ao voto, negado por uma interpretação tendenciosa da primeira Constituição Republicana de 1891 que em seu artigo 171 assegurava: “São eleitores todos os cidadãos maiores de 21 anos”, aplicando-se o termo “cidadãos”, apenas ao sexo masculino.  Em 1934 a mulher conquistou o direito ao sufrágio, porém até a década de 70, vivia ainda sob a custódia do pai, que era transferida ao marido, pelo casamento, e, no âmbito profissional, raros eram os casos de mulheres trabalhadoras, o que, quando acontecia pressupunha a autorização do marido e normalmente restrita às fábricas, à atividades ligadas à culinária, corte e costura, beleza, emprego doméstico (aos quais não eram atribuídos direitos trabalhistas).
      Quando era de um nível social um pouco mais elevado era a ocupação como enfermeira (geralmente impulsionado pelas necessidades masculinas com as guerras) e a professora, atividade aprovada pela visão masculina, pois entendia como ligada ao instinto maternal e a função atribuída à mulher de educar os filhos.
     A educação para a mulher dependia da conjugação de diversos fatores que podemos chamar de “sorte”: nascer numa família de recursos financeiros que possibilitasse os estudos, especialmente se estes se estendessem a universidades; não ter que competir com irmãos pela possibilidade de estudar; consentimento do pai para estudar (o que geralmente era visto como coisa desnecessária, meio de escrever cartas para o namorado, justificativa para se furtar às suas tarefas em casa, sendo suficiente saber ler uma receita culinária ou anotar medidas para confecção de roupas), e que posteriormente o marido não a impedisse de exercer uma profissão, onde a mais aceita, julgada “própria” para a mulher era a de professora.
      Raras eram as mulheres que atingiam o nível universitário, e isto até a década de 70, quando estava em vigor o Estatuto da Mulher Casada, onde a mulher, em seus direitos, era considerada parcialmente incapaz, comparada ao índio, ao menor, ao louco e ao pródigo, limitando seus direitos civis e subordinando à vontade do marido, numa incontestável discriminação. 
     A visão distorcida, que pressupunha uma condição de inferioridade da mulher acaba por ensejar a desvalorização da profissão de educador, que passa a ser encarada como atividade de quem não tem grandes talentos intelectuais. Obviamente, atualmente esta idéia já não é mais aceita e a mulher é vista como tão capaz jurídica e intelectualmente como o homem, rejeitando esse preconceito absurdo que apregoa a inferioridade intelectual da mulher.
     Diante dos fatos assinalados, não é surpresa o papel predominante da mulher na educação, profissão de pouco prestígio social e baixa remuneração, especialmente a “professora primária”. 
     No magistério de Ensino Fundamental existe um predomínio de mulheres da ordem de mais de 90%; no Ensino Médio, homens e mulheres aparecem quase que equilibradamente e no ensino de terceiro grau são os homens que constituem expressiva maioria, enquanto em ensinos profissionalizantes, quando se refere a “artes e ofícios” o que importa é qual o ofício a ser ensinado. Este fato pode ser explicado da forma como fizemos, revendo a história formadora da realidade que ora presenciamos.
     O cenário vem mudando lentamente, mas em uma sala onde estava sendo prestado exame de mestrado em educação para uma universidade pública no Rio de Janeiro, de 48 candidatos, somente dois eram homens. A mulher já ocupa posições antes só ocupadas pelos homens.  Hoje é comum que as mulheres sejam o principal, quando não o único provedor do sustento da família. E aí surge a necessidade de lutas a fim de obter o suficiente para arcar com as despesas, antes supridas exclusivamente pelo homem.
     Agora, o que leva à escolha da profissão de educador é a procura de realização pessoal e profissional e, algumas vezes, a impossibilidade de atuar em outros mercados de trabalho já saturados.
      Apesar de haver conseguido se emancipar da autoridade do marido, no mercado de trabalho ainda hoje a mulher é discriminada, embora em menor escala, no acesso a profissões e cargos e com salários mais baixos do que os que são oferecidos aos homens.
     Em menos de 100 anos, o "sexo frágil" ganhou força, conquistou espaços, saltou da condição de subserviência para ocupar posições de destaque no cenário político, econômico, cultural. Mulheres ministras, atrizes, compositoras, pilotos, bancárias, policiais. E ainda conciliam o sucesso profissional com a beleza de ser mãe, mulher.  Muitas vezes surge o estresse, o cansaço. Mas o orgulho de viver plenamente estes papéis, faz renovar as forças para seguir em frente.
     O esforço não é vão. A recompensa se traduz no reconhecimento do valor da mulher dentro da sociedade brasileira.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
TOSCANO Moema, GOLDENBERG Mirian; A revolução das Mulheres, Um Balanço do Feminismo no Brasil; Editora Revan


















Selma Inês Campbell - Graduada em Economia pela UFRJ, Especialista em Docência do Ensino Superior pela Universidade Cândido Mendes, Habilitada ao Magistério das Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Tutora On line no Curso de Redação de Textos Acadêmicos pela CECIERJ, Curso de Qualificação de Professores na Área de Deficiência Visual pelo Instituto Benjamin Constant, Licenciada em Letras Português/Literaturas pela UFF. Escritora e palestrante.